[Ontem à noite] Paulo Portas falava, num jantar em Oliveira do Bairro, com casa cheia: cerca de 450 pessoas e um morcego. O morcego foi, para usar uma expressão do agrado de Portas, "o fator novo" do comício.
De acordo com Portas, o morcego era "um indeciso" - talvez pelo facto de o bicho não saber para que lado se virar. De acordo com o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, estão identificadas 24 espécies de morcegos em Portugal continental, das quais nove estão consideradas em perigo de extinção. Uma das principais razões para a diminuição das populações de morcegos é a destruição ou perturbação dos seus habitats. Em Portugal, um desses habitats são as Dunas de São Jacinto, a uns 50 quilómetros do local onde se realizou o jantar-comício do CDS. O que poderá justificar a visita inesperada e o comportamento perdido do bicho.
Apesar da má fama que por norma os acompanha - nomeadamente a fama de vampiros (imortalizada na canção de Zeca Afonso segundo a qual "Eles comem tudo e não deixam nada", e que um dia destes Portas poderá citar, depois de já ter sido visto nesta campanha de cravo vermelho na mão) -, os morcegos são inofensivos e não causam prejuízo. Talvez por isso Portas disse à sua gente: "Não se preocupem com o morcego, que ele é tão relevante como as sondagens".
No fim do seu discurso, e tendo consciência de que teve de repartir as atenções com o morcego (a que não será alheio o facto de não ter dito nada de novo), Portas sentiu-se na obrigação de, para além dos vivas ao CDS e aos "três deputados do CDS por Aveiro", acrescentar um "viva o morcego, que não nos incomodou".
(in EXPRESSO)
Eu, que adoro morcegos, tive pena do bicho: não por causa do Paulo Portas, com quem até simpatizo, mas por causa dos barulhos e das luzes - nem os morcegos escapam à campanha eleitoral! VIVA(M) O(S) MORCEGO(S)!