«Comemora-se amanhã [hoje] o 40º aniversário do golpe militar da contrarrevolução do 25 de Novembro de 1975, que pôs fim à influência da esquerda radical instalada em Portugal com o golpe de estado da revolução do 25 de Abril de 1974, que tinha ditado o fim da ditadura. É um facto histórico e não mais uma “narrativa”...
O confronto histórico entre socialistas e comunistas atingiu o seu auge no debate televisivo entre Mário Soares e Álvaro Cunhal, no início desse Novembro, no qual Soares acusa Cunhal de querer instalar uma ditadura comunista em Portugal e Cunhal responde com a imperdível e histórica frase: "olhe que não, olhe que não!". Parece que foi ontem...
A contrarrevolução do 25 de Novembro de 1975 teve 2 principais atores. Um político e um militar. Mário Soares e Ramalho Eanes. Mas Ramalho Eanes ficou com os principais louros da vitória pela liderança e pela elaboração do plano de operações do golpe militar, pois os louros da vitória militar transformaram-se rapidamente numa vitória política, levando-o mais tarde à Presidência da República.
O insuspeito António de Sousa Franco chamou contrarrevolução democrática ao 25 de Novembro, sendo hoje também conhecido, com o distanciamento temporal necessário para clarificar quer interpretações políticas quer históricas, como o início do período de normalização democrática em Portugal. Como tal, o 25 de Novembro devia ser efusivamente comemorado. Mas não é. E parece que nem vai ser comemorado tão depressa.
O facto de Mário Soares e do Partido Socialista não terem saído claros vencedores do 25 de Novembro de 1975, pois “não conseguiram o seu objetivo de reprimir e ilegalizar violentamente o PCP e o movimento operário” de acordo com Álvaro Cunhal, aliado aos complexos de esquerda da sociedade portuguesa nos últimos 40 anos que atingem agora o seu clímax, contribuiu fortemente para que nunca o 25 de Novembro tenha sido condignamente comemorado.
Este ano, as não-comemorações do 25 de Novembro são assombradas pelo fim anunciado do tradicional Partido Socialista tal como o conhecemos nos últimos 40 anos, uma infeliz coincidência de datas, logo agora que poderia assumir um renovado alento conquistador da esquerda e da direita moderadas, puxando a direita ao centro. Cumprindo a vontade de 70% dos eleitores. E de Mário Soares.
O que vale é que o afastamento temporal e a experiência dos últimos 40 anos democráticos, permitem encarar estes tempos conturbados, altercados, vociferados, com a maturidade e a ternura dos 40.
Assim, rapidamente concluiremos que todo este aparato é afinal apenas fumaça, pois o povo é sereno e os políticos têm sempre a consciência tranquila. Só cá falta o inigualável Almirante (sem medo) Pinheiro de Azevedo, primeiro-ministro entre Setembro 1975 e Junho 1976, que também não gostava de ser sequestrado pela esquerda radical. Porque era uma coisa que o chateava... compreensivelmente.
Leia aqui a interessante versão de Álvaro Cunhal do 25 de Novembro de 1975. Muito a propósito e atual... porque recordar é viver!»
- PAULO BARRADAS | &conomia à 3ª | EXPRESSO
Nota: sobre as referências, quem não sabe, ou não se lembra, é só clicar nos links.
1 comentário:
Esta data, tal como tantas outras, só demonstra a trapalhada que é a política, como se muda de casaca de um dia para o outro, como se é e rapidamente se deixa de ser, e à noite todos dormem como bebés.
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