quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dois linces ibéricos já moram em Mértola

«Eram cerca de 15h30 quando as portinholas das caixas que os abrigaram no transporte foram abertas, pela mão inevitável de dois governantes vindos de Lisboa. E os linces, um de cada vez, correram a procurar refúgio na vegetação arbustiva de um cercado, numa área com cerca de dois hectares numa zona de caça em Mértola. São dois de um total de dez linces que serão soltos nos próximos oito meses no país, num programa conjunto com Espanha para reforçar a população do felino mais ameaçado de extinção em todo o mundo. Dezenas de linces já foram libertados em Espanha. Em Portugal, é a primeira vez que isto acontece. Quem agora circular pela Estrada Nacional 267, entre Almodôvar e Mértola, saberá que ali há bichos diferentes. No quilómetro 118 vê-se o primeiro sinal de trânsito criado agora para assinalar, com a face de um lince, a presença de animais selvagens. (…) 

Katmandu e Jacarandá encontraram-se pouco antes da largada. O primeiro saíra às 9h30 da manhã do centro de reprodução de Zarza de Granadilla, perto de Plasencia, em Espanha. Jacarandá é portuguesa e nasceu no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, de onde partira também de manhã. Puseram-se lado a lado, mas sem se verem, do lado exterior do cercado – ele numa carrinha Peugeot com matrícula espanhola, ela numa carrinha Nissan portuguesa –, enquanto se esperava pela comitiva que iria testemunhar a sua soltura. Era um pequeno batalhão de políticos, técnicos, ambientalistas, jornalistas e também caçadores. Perante tal movimentação, seria de supor que os bichos se pudessem ressentir. “É um stress pontual. Eles saem e correm logo. Não é preocupante”, garantia, contudo, a veterinária espanhola Victoria Asensio, que acompanhou Katmandu na viagem. 

Dentro do cercado, os linces têm tudo de que precisam no imediato. Uma parte da área está coberta com vegetação arbustiva, onde os animais se escondem. Há também uma zona aberta, onde se espera que os coelhos venham almoçar, para serem caçados pelos linces. “Já pusemos lá 30 coelhos e dentro de 15 dias iremos fazer um reforço”, explica Carlos Carrapato, biólogo do Parque Natural do Vale do Guadiana. A abundância de coelhos bravos – o principal alimento do lince ibérico – é o aspecto determinante para o sucesso do programa de reintrodução da espécie. Se não houver em número suficiente, os linces procurarão outras áreas, podendo ir para Espanha ou então aproximar-se das estradas. É esta uma das razões para a mortalidade dos linces por atropelamento em Espanha. Só este ano, morreram 20. “Se não há coelho num sítio, o lince vai à procura noutro”, diz Miguel Simón, director do projecto luso-espanhol Iberlince, para a reintrodução da espécie na Península Ibérica. (…) 

“Foram precisos 20 anos de trabalho para se chegar aqui”, disse Jorge Moreira da Silva, subitamente emocionado. Enquanto o ministro falava para os jornalistas, os técnicos do centro de reprodução de linces de Silves abraçavam-se efusivamente. Nos últimos anos, o centro cedeu vários animais para serem libertados em Espanha. Agora, era a vez de Portugal. “A reprodução em cativeiro nestes cinco anos foi importante para que as pessoas não desistissem do lince ibérico”, disse Rodrigo Serra, director do centro, enquanto pedia para os jornalistas remanescentes se afastarem do cercado dos linces. “Parece tudo calmo. Mas a verdadeira batalha começa agora”.» 

Texto: Ricardo Garcia / Público 
Fotos: João Silva / Público

7 comentários:

S disse...

São lindos!!
Bj S

Gaja Maria disse...

Que bichos lindos, espero que se reproduzam rapidamente, quem sabe não dou de caras com um por essas serras fora :)

Pulha Garcia disse...

Muito fixe. Animais lindíssimos. Que pertencem por direito próprio a este pedaço de terra a que chamamos "nosso" mas que não é apenas dos humanos.

GATA disse...

S: os felinos são todooosss lindooosss!!!

Bjinhauuu!!!

GATA disse...

GAJA MARIA: eu espero, mas sobretudo desejo, que o lince-ibérico sobreviva e, assim, viva muitooosss anooosss na Península Ibérica!

GATA disse...

PULHA GARCIA: eu adorooo felinos, especialmente o lince-ibérico, pois eu sou uma GATA ibérica, sempre "entre dos tierras"... (salvé Héroes del Silencio!)

Vespinha disse...

Fico tão feliz com estas notícias...