Nos últimos dois
anos, asseguram todos, começou a chegar uma nova vaga de emigração. E esses são
os rapazes que agora jogam no Portugisiska. Tiago Franco tem 32 anos, é
engenheiro eletrotécnico. Ricardo Silva tem 30, é engenheiro físico. António
Roldão tem 34, é investigador na área da biotecnologia. Leonardo Rosado tem 38,
fez um doutoramento do MIT (Massachusets Institute of Technology) e veio com a
mulher e dois filhos fazer investigação para uma universidade de Gotemburgo.
Nuno Ramalho é dez anos mais novo, é gestor. E ninguém pensa voltar para
Portugal.
«O talento
científico do país está a fugir, mas não foge porque sai da zona de conforto,
como diz o primeiro-ministro», fala Tiago. «Na maior parte das vezes é por não
ter outra alternativa.» Ele é o veterano desta nova geração, chegou em 2006. (…)
Ricardo tem uma filha pequena em Portugal, o que ele quer é trazê-las para
Gotemburgo. «Que futuro tem o nosso país, quando sabemos que não se avaliam as
pessoas por mérito nem se progride na carreira?» Leonardo acredita que o país
estava num bom caminho, as políticas energéticas e a aposta na ciência iriam
dar retorno a longo prazo, criar riqueza sólida. «Portugal bem pode cortar as
gorduras que quiser, baixar os ordenados e aumentar os impostos. Mas, se não
criar programas economicamente viáveis, se não se inovar tecnologicamente,
daqui a 20 anos vai precisar de mais cortes e mais impostos, porque não
resolveu nada.»
Há um desconsolo
generalizado em relação à pátria, uma desesperança, talvez. Nuno e António
alinham pela mesma batuta, têm saudades de casa, mas não querem trabalhar ali.
«Porque em Portugal o teu chefe ganha dez vezes mais do que tu e faz-te sentir
um sortudo por te dar trabalho», diz o primeiro. «O sistema está dominado pela
mediocridade, pelos títulos. Aqui, um diretor não ganha muito mais do que a
senhora da limpeza, todos ganham razoavelmente bem. Porque toda a gente é
importante para a estrutura.»
Juntam-se para
ver os jogos da bola e para correr atrás dela, mas estão seguramente mais
dispersos do que as gerações de emigrantes anteriores. (…) «Esta geração
mistura-se mais com os suecos, já não vai mandar remessas de dinheiro para
Portugal nem voltar a Portugal sempre que pode.» Porque, explica ele, o país
tratou mal os seus, fê-los sentir culpados de viverem acima das possibilidades,
quando as possibilidades eram tão poucas. «As férias vão ser passadas em
destinos exóticos, não nas aldeias de origem. É o que eu já faço, neste
momento.» E nem no Natal planeia regresso a casa? «Nem passar, não vou a
Portugal no Inverno para passar frio.» Caramba, o homem vive na Escandinávia.
«Mas aqui as casas são aquecidas, os espaços têm todos condições para a
população estar confortável. Em Portugal é que se passa frio a valer.»
12 comentários:
Aiiiiii...doi tanto....mas é tão verdade!...
Sem dúvida... Tão verdade e tão triste... Tanto sacrifício por parte de (quase) todos, quando está na cara que assim nada se resolve :-(
OH :(, Mas eu ainda volto a Portugal sempre que posso...mas a verdade é que já imagino o meu futuro por estas bandas durante muitos e muitos anos
Identifico-me tanto com o que aqui está escrito que até dói.
Felizes dos que foram e triste e quem os fez ir. Conheço bem a Escandinavia e de facto lá eles preocupam-se muito com as pessoas. Já Portugal.... Havíamos era de ir todos, queria ver como iam estes chulos fazer...
Somos governados por uma corja, que se acha parte da solução quando nem parte do problema é, são o problema! Por isso quem tem mérito pira-se para não mais voltar!
É complicado. Custa-me ver o país a afundar e os jovens a fugirem daqui.
É triste, mas é a verdade.
Quanto ao jogo...Cristiano resolveu! :D
http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/
É a triste realidade deste país. Como diz uma amiga minha, Portugal não é para portugueses! [A brincar com o título do filme "Este país não é para velhos"].
E nós estamos habituados à realidade? Nem sei, caramba! :S
É tão triste perceber-mos que o nosso futuro está minado no nosso país.
Quando não se consegue estabilidade; emprego; viver dignamente; sustentar uma casa, uma família; quando se sabe que (estatisticamente) quando chegar a nossa altura não haverá reformas mas temos que continuar a descontar para a segurança social não podendo usar esse dinheiro (ou parte dele) para uma reforma privada; quando sabemos que mesmo tendo PPR só vamos poder tocar nele quando for a nossa idade de reforma (que pode muito bem ser aos 70 anos e eu já não poder trabalhar então e precisar do MEU dinheiro mas não ter acesso a ele devido às leis); quando se tem filhos (ou quer ter) e sabe-se quem em Portugal temos dos piores sistemas educativos (que vai piorar devido aos cortes e às ajudas aos colégios privados -que tal deixarem-se disso e investirem o dinheiro nas publicas e fazer delas um bom sitio para todos? quem quer os filhos nos privados que os pague!); quem quer garantir a educação ao filho (a escola realmente é obrigatória mas gratuita?!); quem quer garantir acesso real a bons médicos e garantir uma boa qualidade de vida para si e para os seus... como não desesperar ao olhar para Portugal???
Eu sou mais uma jovem, com um marido e um filho que em breve vou sair de Portugal. Não porque não queira ficar mas porque este país não me permite viver. Eu sobrevivo mas quero VIVER. Não pretendo mandar remessas para Portugal, nem pretendo voltar definitivamente; assim como também não me parece que venha cá todos os anos e/ou férias.
O pior de tudo? É que conheço pessoas que trabalham na minha área, que são totalmente incompetentes. Inclusive, numa situação, foi aberta vaga somente para aquela pessoa na função pública por ser filha de quem é - o problema é que é incompetente. E tantos e tantos casos que só me fazem sentir um misto de felicidade e tristeza.
Tristeza porque não vejo grande futuro para Portugal, felicidade porque vou para um país onde me deram oportunidade porque me consideraram competente, porque vou fazer o que amo e ter muito melhores condições de vida do que as que jamais conseguiria cá em Portugal.
Estão a mandar os bons embora e a ficar com a corja incompetente por serem "filhos, sobrinhos, primos, conhecidos" em vez de os seleccionarem pelo mérito. Portugal, infelizmente, não acredito que demore muito até precisar de nova ajuda e não consigo antever um bom futuro para Portugal. Não com as medidas actuais, não com esta falta de planos políticos de vanguarda e sem quaisquer prospecção para o futuro.
Sinto-me tão indignada porque EU queria contribuir. Tentei. Agora vou dar o meu suor pelo país que me acolheu.
Estimadas & Estimados:
Portugal é um país pobre, sobretudo de espírito! Um país que vaidosos e invejosos... :-)
Eu, que tenho alma nórdica, nasci e vivo no país errado - é o meu castigo! :-) [...e sou/velha para emigrar e recomeçar a minha vida...]
Bjinhauuu!!!
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