O texto é
de "uma jovem, com um marido e um filho", mais uma portuguesa que em breve emigrará.
É um comentário publicado em "A propósito do jogo de futebol Suécia-Portugal...", mas merece um post próprio!
À autora desejo sorte e, sobretudo, um futuro muito feliz!
É um comentário publicado em "A propósito do jogo de futebol Suécia-Portugal...", mas merece um post próprio!
À autora desejo sorte e, sobretudo, um futuro muito feliz!
“É tão triste
perceber-mos que o nosso futuro está minado no nosso país.
Quando não se consegue estabilidade; emprego; viver dignamente; sustentar uma casa, uma família; quando se sabe que (estatisticamente) quando chegar a nossa altura não haverá reformas mas temos que continuar a descontar para a segurança social não podendo usar esse dinheiro (ou parte dele) para uma reforma privada; quando sabemos que mesmo tendo PPR só vamos poder tocar nele quando for a nossa idade de reforma (que pode muito bem ser aos 70 anos e eu já não poder trabalhar então e precisar do MEU dinheiro mas não ter acesso a ele devido às leis); quando se tem filhos (ou quer ter) e sabe-se quem em Portugal temos dos piores sistemas educativos (que vai piorar devido aos cortes e às ajudas aos colégios privados -que tal deixarem-se disso e investirem o dinheiro nas publicas e fazer delas um bom sitio para todos? quem quer os filhos nos privados que os pague!); quem quer garantir a educação ao filho (a escola realmente é obrigatória mas gratuita?!); quem quer garantir acesso real a bons médicos e garantir uma boa qualidade de vida para si e para os seus... como não desesperar ao olhar para Portugal???
Quando não se consegue estabilidade; emprego; viver dignamente; sustentar uma casa, uma família; quando se sabe que (estatisticamente) quando chegar a nossa altura não haverá reformas mas temos que continuar a descontar para a segurança social não podendo usar esse dinheiro (ou parte dele) para uma reforma privada; quando sabemos que mesmo tendo PPR só vamos poder tocar nele quando for a nossa idade de reforma (que pode muito bem ser aos 70 anos e eu já não poder trabalhar então e precisar do MEU dinheiro mas não ter acesso a ele devido às leis); quando se tem filhos (ou quer ter) e sabe-se quem em Portugal temos dos piores sistemas educativos (que vai piorar devido aos cortes e às ajudas aos colégios privados -que tal deixarem-se disso e investirem o dinheiro nas publicas e fazer delas um bom sitio para todos? quem quer os filhos nos privados que os pague!); quem quer garantir a educação ao filho (a escola realmente é obrigatória mas gratuita?!); quem quer garantir acesso real a bons médicos e garantir uma boa qualidade de vida para si e para os seus... como não desesperar ao olhar para Portugal???
Eu sou mais uma jovem, com um marido e um filho que em
breve vou sair de Portugal. Não porque não queira ficar mas porque este país
não me permite viver. Eu sobrevivo mas quero VIVER. Não pretendo mandar
remessas para Portugal, nem pretendo voltar definitivamente; assim como também
não me parece que venha cá todos os anos e/ou férias.
O pior de tudo? É que conheço pessoas que trabalham na
minha área, que são totalmente incompetentes. Inclusive, numa situação, foi
aberta vaga somente para aquela pessoa na função pública por ser filha de quem
é - o problema é que é incompetente. E tantos e tantos casos que só me fazem
sentir um misto de felicidade e tristeza.
Tristeza porque não vejo grande futuro para Portugal,
felicidade porque vou para um país onde me deram oportunidade porque me
consideraram competente, porque vou fazer o que amo e ter muito melhores
condições de vida do que as que jamais conseguiria cá em Portugal.
Estão a mandar os bons embora e a ficar com a corja
incompetente por serem "filhos, sobrinhos, primos, conhecidos" em vez
de os seleccionarem pelo mérito. Portugal, infelizmente, não acredito que
demore muito até precisar de nova ajuda e não consigo antever um bom futuro
para Portugal. Não com as medidas actuais, não com esta falta de planos
políticos de vanguarda e sem quaisquer prospecção para o futuro.
Sinto-me tão indignada porque EU queria contribuir.
Tentei. Agora vou dar o meu suor pelo país que me acolheu.”
9 comentários:
Os casos assim sucedem-se...e o meu coração fica apertadinho...tenho duas filhas a quem deixei de saber responder a perguntas sobre "e amanhã como é que vai ser?", porque eu também não sei.
Fui apanhada de surpresa quando cheguei aqui e vi o meu comentário como post.
Obrigada pelas tuas palavras para mim. É sem dúvida uma aventura e um desafio.
Quanto aos que ficam e aos que vão espero que todos consigam encontrar felicidade, sorte e sucesso. Seja em Portugal ou em qualquer outro país...
Estou como a Suricate. Tenho um filho na Universidade e não vejo perspectivas, tenho outro no 11º ano e não vejo perspectivas... Como vou motivá-los a lutarem pelo seu futuro?? Digo-lhes para emigrarem??
Uma pessoa fica sempre com o coração apertado sempre que sabe de casos destes. Uma das minhas melhores amigas também espera emigrar para o ano, terá na altura uma filha com poucos meses nos braços :( Já começo com saudes!
SURICATE: ...não sabes tu, nem sabe ninguém...!!!
Citando a Amália: "sabe-se lá / quando a sorte é boa ou má / sabe-se lá / amanhã o que virá"...
ANÓNIMA: de nada! :-)
BOA SORTE!!! [...e, um dia, passa por 'acá' e diz "olá!"]
Bjinhauuu!!!
GAJA MARIA: tu dizes que um Primeiro-Ministro chamado Pedro Passos Coelho é que disse - ou melhor, 'aconselhou'... - os portugueses a emigrar! ah, e a não ser piegas!!!
MRS. BLUEBERRY: ...cada caso é um caso, mas eu tive três amigos que emigraram e, posteriormente, se afastaram... e eu aprendi a não ter - e muito menos sentir - saudades...
MAMÃ DE PEEP-TOE: eu respeito quem parte mas exijo que quem parte respeite quem fica... porque cada um sabe de si... (e diz-que-diz que Deus sabe de todos!)
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