* “A good heart” (1985), no original, canção de Feargal Sharkey
Não há maneira de dizer a verdade, senão dizer a verdade: a minha velhota adoptiva está com demência.
A família da velhota sempre foi distante da mesma, porque sempre viveram fora do país, nomeadamente a filha; mas perante a problema actual, eu contactei a filha e informei sobre o estado da mãe, porque afinal ela é, legalmente, a responsável pela velhota.
Actualmente a minha mãe cuida da velhota durante o dia e eu cuido durante parte da noite, e no fim-de-semana revezamo-nos [o Serviço de Apoio Domiciliário apenas providencia uma refeição diária de segunda a sexta-feira, e cuidados básicos de higiene pessoal e habitacional] mas brevemente a velhota estará num processo perigoso da doença e a solução será, certamente, o internamento. E eis o problema!
Os lares estatais, tais como os da Santa Casa da Misericórdia e da Segurança Social, têm listas de espera de vários anos. Os lares privados têm preços proibitivos. E encontrar uma pessoa de confiança para - 24/7! - cuidar da velhota é uma missão impossível.
A minha mãe tem um bom coração e uma dedicação altruísta ilimitada. Mas a realidade é que a situação está a cansá-la e desgastá-la. E eu, em vez de uma preocupação, tenho duas!
Raramente (nunca digo nunca) peço ajuda, pois não gosto de incomodar, mas se alguém puder ou souber ajudar, AGRADEÇO!
12 comentários:
Pois, eu também não faço ideia... A ser possível continuar, a situação ideal seria mesmo a actual, porque tu e a tua mãe são excelentes cuidadoras, e ela estaria nas melhores mãos possíveis, melhor do que numa instituição. A família é que tem obrigação, moral e mesmo legal, mas há famílias que mais vale nem ter (and you know what I mean).
Beijinhos
Não tenho a solução, infelizmente. Mas vinha dizer-te que o Centro de Dia aqui da minha terra tem um "serviço" bem mais abrangente e acho que o desse deixa um bocadinho a desejar. Para aqueles utentes que não querem/podem ir para as suas instalações durante o dia, eles providenciam todas as refeições, incluindo ao fim-de-semana. E também tratam da higiene.
Já experimentaste falar com a/o assistente social da instituição que presta o apoio domiciliário? Talvez ela/e possa ajudar ou saiba como ajudar.
Isto é uma situação muito triste. Neste país não se pode contar com nada.
Nem sei que te diga :\
E a paróquia? Às vezes há casos em que ajudam... É realmente complicado :\
A velhice é bem triste em Portugal... Só me lembro da Santa Casa, que tem preços de acordo com os rendimentos. A minha mãe fez voluntariado num lar e agora num centro de dia, onde diz que as pessoas são bem tratadas...
Bem, só posso falar de um caso pessoal que se passou com a minha avó. É preciso uma 'cunha' para que ela vá para um lar da Santa Casa!
M.: pois... como tu dizes - e muito bem - a família é que tem obrigação, moral e legal; mas se não fosse a minha mãe e eu, a velhota estava morta há já muitooo tempooo!!!
Bjinhauuu!!!
SMELLY CAT: o serviço de apoio domiciliário contratado é de uma associação humanitária particular, porque levei com a porta no 'focinho' da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia - não é o perfeito mas é o possível.
Os lares estatais da zona não têm vaga. Os lares particulares da zona, apenas um tem vaga, mas é um lar de luxo e a mensalidade é de 1500 euros!!!
É uma tristeza... este país não é, mesmo, para velhos!!! [nem para novos...]
A BOMBOCA MAIS GOSTOSA: a paróquia??? desculpa, mas eu não acredito em Deus, e muitooo menooos nos homens e nas mulheres que 'O' representam!!!
VESPINHA: eu tenho a pior das piores opiniões sobre a Santa Casa da Misericórdia, que de Santa tem zero e de Misericórdia zero tem!!!
HIERRA: para entrar para um lar da Santa Casa da Misericórdia é, de facto, preciso uma 'cunha', uma rica 'cunha' mas sobretudo uma 'cunha' ricaaa!!!
Minha querida como gostava de te puder ajudar ;( infelizmente também não conheço ninguém. Cada vez mais as coisas estão no limiar da miséria. Miséria de tudo; também de valores. Um beijinho. Belle
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