"Parce qu'on vient de loin..."

LASSANA BATHILY, cidadão malinês, imigrante em França desde 2006, obteve ontem a cidadania francesa, depois ajudar a salvar sete pessoas, há duas semanas, num ataque num supermercado judeu.

[LASSANA é funcionário de um supermercado judeu e armazenava os produtos congelados quando o terrorista Amedy Coulibaly entrou armado. Rapidamente ele desligou a câmara frigorífica, escondeu alguns clientes e funcionários, e escapou pela saída de emergência, e correu para ir avisar a polícia... que o confundiu com o terrorista! LASSANA foi detido e interrogado, porque era negro e muçulmano, tal como o terrorista, mas depois de constatar o erro, foi LASSANA quem foi ajudar a polícia.]

Então ontem, enquanto via a notícia na televisão, eu lembrei-me da canção "Parce qu'on vient de loin" do cantor e compositor francófono CORNEILLE... 

...Corneilius Nyungura nasceu na Alemanha, filho de estudantes de engenharia do Ruanda, mas com 7 anos regressou ao país do pais. Com 17 anos escapou da morte quando um grupo armado entrou na sua casa e matou a sua família - ele escapou porque conseguiu esconder-se atrás de um sofá. Depois de uns dias escondido, juntou-se a um grupo de refugiados cujas famílias também tinham sido vítimas do genocídio entre Hutus e Tutsis no Ruanda (curiosamente a sua mãe era Hutu e o seu pai Tutsi....) Ele foi, então, adoptado por uns amigos alemães dos seus pais e regressou novamente a Alemanha, onde viveu 3 anos. Com 21 anos imigrou para Montreal (Quebec, Canadá) e entrou na Universidade de Concordia onde, juntamente com estudantes imigrantes, fundou um grupo e obteve um êxito com a canção "Zoukin". E o resto é história... 

Uma história com final feliz [CORNEILLE é um cantor e compositor conceituado no meio musical francófono, é casado com a luso-canadiana Sofia de Medeiros, e tem um filho, Mérick], como a  de LASSANA BATHILY, quem diz que «As pessoas dizem que eu sou um herói, mas eu não sou um herói. Eu não ajudei judeus, eu ajudei pessoas. Não importa se somos judeus, cristãos ou muçulmanos, estamos todos no mesmo barco, somos irmãos.»